*Por Hugues Bertin
Essa é mais uma postagem da coluna mensal Insurtech Vip Lounge, exclusiva do Insurtech.com.br. Todo mês Hugues Bertin traz uma nova insurtech da América Latina para nossos leitores conhecerem
Uma das insurtechs que mais conheço na América Latina. Estou fascinada pela tecnologia deles e pelo impacto que têm nas seguradoras da região. Hoje me encontro com Esteban Izarra, CEO e cofundador da Lisa e recém-vencedor do Insurtech Round no grande evento da Câmara Insurtech Argentina.
Fundada no Chile no final de 2020, a LISA Insurtech deve seu nome ao seu propósito: “Liquidação Automática de Sinistros”. Desde o início, apostaram em se especializar na automação do processo de sinistros por meio de inteligência artificial generativa, deixando de lado um enfoque genérico para se concentrar 100% no que sabiam fazer melhor. Essa estratégia permitiu otimizar a tecnologia, escalar a oferta e expandir para novas linhas de negócio, como Saúde, Vida, SOAP/T, ART, Residencial, Roubo, Desemprego e Motor (Fast Track).
O que diferencia a LISA não é apenas a tecnologia que utilizam, mas como a aplicam. Sua solução combina leitura de documentos, classificação inteligente, detecção de fraude (FWA) e processamento de sinistros de ponta a ponta. Empregam ferramentas como análise de tons de cinza para identificar alterações em documentos, validações por meio de web scrapers e modelos preditivos para detectar anomalias, como sinistros repetitivos ou pouco prováveis. Atualmente, operam do Chile, Peru e Estados Unidos, com uma estrutura modular que permite escalar e se adaptar a cada mercado.
Enquanto muitas insurtechs estão começando a incorporar GenAI, para a LISA a inteligência artificial está em seu DNA. Eles nasceram com essa base tecnológica e a aperfeiçoaram ao longo dos anos. Não se trata apenas de inferir com um LLM: construíram um sistema robusto e preciso que permite chegar a uma liquidação justa — sem pagar a mais ou a menos — e com os argumentos necessários para recusar quando for apropriado.
O time combina experiência em seguros e liderança técnica. Muitos de seus diretores vêm do setor tradicional, o que lhes dá vantagem competitiva ao entender profundamente os processos internos das companhias. Soma-se a isso um histórico comprovado: mais de 2 milhões de sinistros processados, dados que alimentam constantemente seus modelos. Além disso, possuem certificações como ISO 27001, SOC 2 e HIPAA, garantindo padrões de segurança e proteção de dados.
Os resultados falam por si só: +70% de STP (processamento automático) de sinistros, tempo médio de liquidação de 5 minutos e economia superior a 50% em certos ramos, graças à precisão e eficiência da solução.
O Insurtech Round foi um ponto de inflexão. Com mais de 400 participantes e CEOs de seguradoras líderes, a LISA foi uma das cinco startups selecionadas entre mais de 20 candidatas para apresentar no palco principal. “Acredito que nosso pitch fez diferença porque conseguimos expressar com clareza o que fazemos, como fazemos e qual impacto geramos”, conta Esteban. Ele acrescenta: “Um ex-chefe costumava me dizer que a clareza ao explicar uma ideia reflete todo o trabalho por trás dela. Horas de análise, tentativa e erro, até chegar a uma solução concreta e poderosa.”
O México é um de seus focos estratégicos, devido ao tamanho do mercado e à crescente penetração de seguros, especialmente em Saúde. “Estamos vendo uma grande abertura para novas tecnologias. Seguradoras e corretores buscam soluções que melhorem a experiência do usuário e otimizem custos.”
A LISA já mira novos horizontes. Nesse sentido, Esteban destaca casos como Residencial no México ou ART na Argentina, mas reconhece que sua implementação mais potente foi em Saúde no Chile, onde processam mais de 120.000 sinistros mensais, com 70% totalmente automatizados. Isso representa 80.000 casos resolvidos sem intervenção humana, em questão de minutos, com alto impacto em eficiência e economia para o cliente.
Sobre a expansão na Argentina, Esteban se mostra especialmente entusiasmado. “A Argentina é muito especial para mim, foi onde me formei em seguros e trabalhei com pessoas incríveis. Hoje vemos uma grande abertura para soluções como a nossa. Já temos projetos em produção e muitas conversas avançadas.”
Com tecnologia sólida, visão clara e resultados mensuráveis, a LISA se posiciona como uma das insurtechs mais promissoras da região. E esse reconhecimento no Insurtech Round apenas confirma isso.
SOBRE O AUTOR:
Hugues Bertin é CEO da Digital Insurance LatAm, uma empresa de consultoria especializada em estratégias de inovação e insurtech, e também é sócio do fundo de investimentos HCS Capital. Como palestrante internacional, ele foi escolhido como o principal influenciador em insurtech e inovação em seguros pelo The Latam Insurtech e Lightico em suas classificações globais. Seu objetivo é impulsionar o setor de seguros para frente no mundo que está por vir.
Ele é co-fundador e diretor sem fins lucrativos da Insurtechile e da AIC (Associação Insurtech da Colômbia). Ele também é Diretor Executivo do CDI+Latam, a certificação de referência em seguros digitais para a América Latina. Além disso, ele co-organiza o Fórum Insurtech Latam, o maior evento da América Latina, e atua no Conselho Consultivo do InsurtechConnect, o maior evento de insurtech do mundo.
Hugues é atuário pelo Instituto de Estatística de Paris (França) e possui um Executive MBA pelo IAE (Argentina). Ele ocupou vários cargos executivos na BNPP Cardif, Mercer e PwC por mais de 20 anos na indústria de seguros, abrangendo dois continentes: Europa e América Latina. Ele liderou ou aconselhou jogadores da indústria de seguros em projetos de transformação digital e inovação.
