SXSW: O que podemos beber no mercado de seguros? 

Por Ricardo Martins, CTO na Seguralta

O SXSW 2025 foi uma imersão em inovação, cultura e tecnologia. Durante uma semana, líderes, executivos, pesquisadores e criadores se reuniram para discutir as principais tendências que vão moldar o futuro do trabalho, da sociedade e dos negócios. 

Entre os temas dominantes, inteligência artificial, computação quântica, neurotecnologia e mudanças no comportamento do consumidor foram amplamente debatidos. Mas o grande fio condutor das discussões foi um só: estamos entrando na era das pessoas. 

Se antes a tecnologia era vista como um diferencial, hoje ela se torna invisível, integrada ao cotidiano de forma orgânica. O que importa agora não é mais a ferramenta, mas como ela impacta a experiência do usuário, a transparência dos negócios e a relação entre empresas e clientes

Olhando para o setor de seguros, essas mudanças representam tanto desafios quanto oportunidades. Como podemos usar essas tendências para fortalecer a confiança do cliente, simplificar processos e criar experiências mais humanas? 

Aqui estão os principais insights do SXSW que podem transformar o mercado de seguros. 

AI: Personalização ou distanciamento do cliente? 

A inteligência artificial dominou o SXSW, mas o foco não foi na automação, e sim na relação entre tecnologia e pessoas. Neil Hoyne e Stefano Puntoni trouxeram uma provocação: 

“Pessoas não podem ser lideradas por algoritmos. Elas podem ser geridas por eles, mas algoritmos não conseguem inspirar pessoas.” 

Isso me fez pensar diretamente no mercado de seguros. 

Hoje, seguradoras já utilizam AI para precificação e análise de risco, mas será que a experiência do cliente está no centro dessa transformação? 

Imagine um usuário contratando um seguro. A AI poderia tornar esse processo instantâneo, oferecendo apólices personalizadas com base no perfil do segurado e sinistros resolvidos sem burocracia. Mas há um risco: se a tecnologia for mal implementada, pode transformar o seguro em um produto impessoal, onde o cliente não sente conexão com a marca. 

O desafio das seguradoras não é apenas automatizar processos, mas garantir que a AI seja um facilitador da relação, e não uma barreira

Confiança e transparência: a responsabilidade do setor 

Durante o evento, Darryl Campbell apresentou os casos de Boeing e Uber, que priorizaram resultados financeiros acima da transparência e acabaram perdendo a confiança do mercado. 

No setor de seguros, confiança sempre foi essencial. Mas será que estamos garantindo isso no dia a dia? 

Agora pense no momento do sinistro. O cliente já está em uma situação de estresse, e a seguradora pode facilitar ou dificultar ainda mais sua experiência: 

Ele consegue acionar um sinistro pelo celular e obter resposta imediata? 

O contrato é claro e sem cláusulas ocultas que geram frustração? 

A comunicação é transparente, ou o cliente sente que precisa “brigar” para ter seu direito garantido? 

O setor precisa entender que confiança não é construída na venda do seguro, mas sim na forma como a seguradora age quando o cliente realmente precisa dela. 

Computação Quântica e a revolução da modelagem de risco 

Outra grande tendência do SXSW foi a computação quântica, que promete transformar áreas como precificação e modelagem de risco

Hoje, seguradoras analisam fatores como idade, histórico médico e estilo de vida. Mas com a computação quântica, a análise de risco poderá ser feita com uma precisão muito maior, simulando cenários altamente complexos e prevendo padrões de saúde e comportamento de maneira ultra-avançada. 

Além disso, a computação quântica pode ajudar seguradoras a prever eventos catastróficos com precisão muito maior, impactando diretamente a precificação e a estruturação de produtos. 

O desafio não será apenas adotar essa tecnologia, mas garantir que o setor tenha profissionais capacitados para interpretá-la e aplicá-la de forma ética e transparente. 

Tecnologia deve aproximar, não afastar 

Outro grande insight do SXSW veio de Will.i.am e Lars Ulrich, que discutiram como tecnologia deve ser usada para fortalecer conexões, e não criar barreiras. 

Isso vale para seguros. Como manter o relacionamento com o cliente ao longo do tempo? 

Enviando insights personalizados de prevenção e bem-estar. 

Criando canais de comunicação mais interativos e acessíveis. 

Transformando a jornada do segurado em algo intuitivo e sem fricção. 

O futuro do seguro é aquele em que o cliente sente que está protegido sem precisar pensar no assunto – porque tudo já funciona de forma orgânica e transparente. 

Conclusão: Estamos prontos para a era da tecnologia invisível? 

O SXSW deixou claro que o futuro do seguro não é apenas digital, mas humano

O desafio não é simplesmente adotar AI, computação quântica ou qualquer nova tecnologia, mas sim garantir que essas inovações estejam a serviço da confiança e da experiência do cliente. 

O setor de seguros está pronto para essa nova era ou ainda está tentando digitalizar um modelo antigo? Essa é a grande questão. 

Sobre o Autor:

Ricardo Martins é Chief Technology Officer (CTO) na Seguralta e Diretor de Tecnologia e Operações, com mais de 15 anos de experiência liderando equipes de tecnologia, dados e plataformas digitais. É especialista em impulsionar a transformação digital e a inovação nos negócios.

Como CTO, Ricardo gerenciou com sucesso equipes multidisciplinares, aplicando tecnologias de ponta como Python, React Native, NodeJS e AWS Cloud. Também foi responsável pela implementação de práticas de DevOps, pipelines de CI/CD e arquiteturas de microsserviços, entregando soluções escaláveis e resilientes.

Sob sua liderança, a Seguralta foi reconhecida com o Prêmio de Inovação em Seguros 2024 pela CNseg, pelo lançamento do Core, um super app voltado para corretores de seguros. Além disso, liderou a Fikx a se destacar entre as 6% melhores empresas de seguros segundo o Google DevOps Report, resultado de uma forte cultura DevOps e de estratégias orientadas por dados.

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