Vivo investe na 180 Seguros e troca inteligência de dados por apólices

Parceria começa com prestamista, mas pode expandir para outras modalidades

Matéria do Pipeline, Valor Econômico

O Vivo Ventures, fundo de corporate venture capital (CVC) da Vivo, está investindo US$ 2,5 milhões na 180 Seguros, como extensão da rodada pré-série B da insurtech, que resultará numa associação estratégica para desenvolver novos produtos de seguros integrados à jornada digital do consumidor na operadora, ampliando sua presença em serviços financeiros.

O produto inicial da parceria é o seguro prestamista, que cobre o pagamento de parcelas ou dívidas em caso de morte, invalidez ou desemprego involuntário. No Vivo Pay, ele será oferecido aos usuários que contratam empréstimos pessoais, que já somam R$ 1 bilhão nos últimos quatro anos.

Para o CEO da 180 Seguros, Mauro D’Ancona, o acordo vai além do capital por dar acesso à “imensa base de dados sobre os brasileiros” e ao “ecossistema gigantesco” da Vivo, com quem a insurtech já estuda outros produtos cobranded. “É uma validação enorme do nosso modelo e da confiança na marca, que nos permite, no médio prazo, aumentar o leque de produtos cada vez mais personalizados e oferecer o que as seguradoras tradicionais não oferecem.”

Para a Vivo, o aporte reforça a aposta em expandir para além da conectividade, acelerando verticais de serviços financeiros, define Phillip Trauer, diretor do Vivo Ventures. “A Vivo tem uma das marcas mais sólidas do país e um ecossistema omnichannel com 84 milhões de acessos por mês no app,1.800 lojas e cinco mil vendedores B2B, muitos pontos de contato com empresas clientes e o consumidor final. O objetivo é usar essa presença para acelerar verticais como serviços financeiros, casa inteligente e educação”, afirma.

Focada em aplicação de inteligência artificial no setor de seguros – que permite criar ofertas personalizadas em tempo real integrando dados e contexto dos clientes –, a 180 foi fundada em 2020 por D’Ancona e pelo CTO, Franco Lamping.Atuando em parcerias com instituições financeiras e não financeiras, eles miram um mercado de R$ 500 bilhões em prêmios emitidos, mas que hoje é “subpenetrado”, somando cerca de metade disso.

A conta considera seguros de vida e ramos elementares como carro, casa e grandes riscos, e não inclui saúde, praticamente um setor à parte. Na relação prêmios/PIB, o Brasil tinha penetração de 1,8% no fim do ano passado, ante um potencial de 4,3% e uma faixa entre 7% e 9% nos países desenvolvidos como Estados Unidos e os da União Europeia.

“Para destravar esse potencial de mais de R$ 250 bilhões, precisamos de produtos acessíveis e integrados à jornada digital, e é exatamente aí que a parceria com a Vivo entra”, diz D’Ancona, que lamenta ainda que o setor cresça a uma taxa de apenas 10% ao ano.

A insurtech já levantou mais de R$ 270 milhões com investidores locais e estrangeiros desde a sua criação e planeja uma rodada série B em 2026 com meta de captação superior a US$ 50 milhões para consolidar sua expansão e o desenvolvimento de produtos.

Já o CVC da Vivo foi criado em 2022, tem R$ 320 milhões de capital, dos quais R$ 230 milhões já aportados em 11 startups, com prazo de 15 anos prorrogável por mais dois. As investidas até o momento são Asaas, Klubi, Klavi, Digibee, Conexa, CRMBonus, Agrolend, Apoia, Lend, Facio e agora a 180 Seguros.

Além do Vivo Ventures, focado em empresas de inovação mais maduras, tipicamente rodadas série A de até US$ 6 milhões, a espanhola Telefónica tem a Wayra, que investe em iniciativas mais embrionárias, em fases seed e pré-seed de até 400 mil euros, nos países em que a dona da Vivo atua.

“Se houver aderência com a tese de telecom, a empresa se torna target para posições minoritárias de 1% a 10% como forma de aumentar ainda mais a sinergia e o elo entre a Vivo e as startups quando entra no cap table”, diz Phillip Trauer, que responde simultaneamente desde o ano passado pela Wayra Brasil, um dos nove hubs, cuja operação teve início em 2012.

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