Riscos ocultos nas proibições de celulares para adolescentes

O aumento das proibições de celulares em escolas cria exposições a responsabilidades que os profissionais de seguros devem ajudar seus clientes a navegar com cuidado.

À medida que, nos Estados Unidos, as aulas começam neste outono, pais em todo o país ficam surpresos ao ver que alguns distritos escolares estão reforçando suas políticas de celulares. Da mesma forma, outras organizações que atendem jovens — como acampamentos, casas de adoração e programas recreativos — também estão implementando proibições mais rígidas de celular na tentativa de ajudar os jovens a se concentrarem.

Embora corretores e agentes de seguros não devam estar envolvidos em decisões desse tipo dentro das organizações, eles podem aconselhar seus clientes sobre os riscos potenciais que um banimento total de celulares pode trazer. Certas questões podem representar desafios.

Danos a celulares

Escolas e outras organizações têm sido criativas na forma como mantêm os jovens afastados de seus celulares, desde áreas de armazenamento designadas, como suportes de sala de aula, até a exigência de que os telefones fiquem nos armários.

Danificar ou perder celulares é um risco muito concreto — e uma lacuna de cobertura — quando as organizações decidem recolhê-los dos estudantes por um tempo limitado. Um novo smartphone pode custar entre US$ 500 e US$ 1.200. Multiplique isso por dezenas de aparelhos perdidos ou danificados em um mês, e isso pode comprometer o orçamento.

Claro que nem todos os métodos de armazenamento de celulares são iguais. Pedir que estudantes deixem seus aparelhos em um suporte comum no início de uma aula ou evento pode facilmente resultar em telas quebradas, derramamentos ou até alguém levar acidentalmente o celular errado para casa. Uma maneira possível de gerenciar esse risco é designar um espaço específico e numerado para o aparelho de cada adolescente.

Situações médicas

Jovens com diabetes ou outras condições crônicas de saúde podem usar seus celulares para monitorar níveis de glicose, ingestão alimentar ou outras informações importantes. Se uma organização tentar tirar o telefone deles, isso não apenas pode causar uma emergência médica, como também pode gerar um processo judicial caro por negligência.

Qualquer política de proibição de celulares deve abrir exceções para situações médicas. Do contrário, a organização pode estar exposta a forte responsabilidade caso um incidente ocorra.

Emergências

Um ponto de risco mais complexo — especialmente em escolas — diz respeito ao acesso ao celular durante emergências. Por um lado, ter um celular pode ser extremamente útil. Adolescentes podem usar o aparelho para relatar um incidente, contatar serviços de emergência ou se comunicar com seus familiares. Em alguns casos, chamadas feitas por alunos durante situações de atiradores ativos fizeram a diferença entre vida e morte.

Por outro lado, celulares podem ser prejudiciais em cenários de crise. O uso disseminado durante uma emergência pode:

  • Espalhar desinformação e pânico, especialmente por meio das redes sociais.
  • Congestionar torres de telefonia, possivelmente interrompendo a comunicação dos socorristas.
  • Acelerar a chegada de pais e membros da comunidade, o que pode complicar os procedimentos de evacuação ou confinamento.

As organizações devem avaliar esses riscos com cautela. Uma política bem elaborada deve buscar equilíbrio, garantindo que os jovens possam acessar seus telefones quando realmente necessário, ao mesmo tempo em que minimiza potenciais consequências não intencionais.

A abordagem DONUT

A gestão de risco em relação a uma proibição de celulares está diretamente ligada à formulação de políticas. Se uma organização deseja se proteger contra possíveis reclamações ou sinistros de seguro, deve trabalhar com seu advogado para elaborar uma política sólida que dê respaldo à decisão.

É útil usar o acrônimo DONUT como princípio orientador:

  • D – Development (Desenvolvimento) – O primeiro passo é incluir todos os envolvidos que serão afetados. É importante apresentar a nova política de forma positiva, mostrando como ela pode aumentar o desempenho escolar e reduzir o bullying.
  • O – Opportunity (Oportunidade) – É necessário dar voz a todos para que opinem sobre os detalhes da política. Isso inclui tanto quem irá aplicá-la (funcionários ou voluntários) quanto os próprios adolescentes.
  • N – Notice (Aviso) – É sempre uma boa ideia dar aviso adequado aos jovens sobre uma proibição de celulares — e em meios que de fato utilizem. Ou seja, mensagens em grupo e postagens em redes sociais são mais eficazes do que cartas impressas ou e-mails.
  • U – Uniformity (Uniformidade) – Os adolescentes não devem ser os únicos a terem o uso dos celulares limitado. Como pareceria se um acampamento proibisse os aparelhos, mas os monitores passassem o tempo todo usando os seus? Os adultos precisam dar o exemplo guardando também seus dispositivos.
  • T – Timeliness (Pontualidade) – Uma vez que a proibição entre em vigor, sua aplicação deve ser consistente e imediata. Consequências precisam ser aplicadas no momento da infração, e não dias depois.

Dependendo das regras anteriores da organização sobre celulares, mudanças podem gerar choque cultural. Por isso, pode ser melhor adotar uma abordagem gradual. Por exemplo, em vez de exigir que todos deixem seus celulares de lado no início de uma atividade, aula ou acampamento, peça primeiro que os mantenham no modo silencioso. É mais provável obter adesão com pequenas mudanças iniciais.

Embora os celulares possam criar riscos envolvendo adolescentes, as próprias políticas de celular também podem fazê-lo. É por isso que é fundamental que as organizações realizem pesquisas suficientes previamente para antecipar possíveis problemas.

Escrito por Sharon Orr, diretora de controle de riscos e educação da Church Mutual Insurance.

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