“O cooperativismo e o setor de seguros têm o objetivo de proteger comunidades e construir um futuro mais justo para o país”, afirmou Roberto Santos, presidente do Conselho Diretor da CNseg, na abertura do Fórum de Sustentabilidade em Cooperativismo e Seguros. O evento, promovido pela CNseg em parceria com a OCB, foi realizado nesta segunda-feira (17), na Casa do Seguro, durante a COP30, em Belém (PA).
O encontro trouxe à tona discussões sobre como a integração entre cooperativas e o mercado segurador pode fortalecer a capacidade do Brasil de responder aos riscos climáticos. Tania Zanella, presidente do Instituto Pensar Agropecuária, destacou a importância dessa parceria.
“As cooperativas já conhecem o produtor e o território. Quando unimos esse conhecimento à expertise técnica dos seguros, transformamos proteção em política de desenvolvimento.” Segundo ela, aproximar-se do setor segurador não é apenas necessário, mas estratégico. “Estamos construindo algo duradouro. Cooperativismo e seguro caminham juntos quando o assunto é resiliência.”
Seguro Rural e Cooperativismo: Protegendo o Futuro da Alimentação
No primeiro painel, moderado por Clara Maffia, gerente de Relações Institucionais do Sistema OCB, os participantes apresentaram visões complementares sobre o papel do seguro rural como instrumento estruturante para a estabilidade e a produção agropecuária.
Andres Elola, representante da ICMIF Américas, ressaltou que o seguro rural vai além da simples indenização — funciona como estímulo permanente à adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis. “O seguro promove a melhoria contínua das técnicas e protege enquanto incentiva a qualidade.”
Matheus Marino, presidente do Conselho de Administração da Coopercitrus, reforçou esse ponto, sobretudo, no contexto dos pequenos e médios produtores. “O agronegócio é marcado por ciclos longos e tudo acontece de forma gradual. Recuperar o solo, regenerar áreas e construir resiliência exige segurança — sem ele, o produtor fica vulnerável demais.”
O deputado federal Fernando Monteiro (Republicanos/PE) trouxe uma perspectiva política ao defender maior previsibilidade orçamentária e atualização institucional. Ele afirmou: “No Brasil, discutimos combater a seca quando, na verdade, precisamos aprender a conviver com ela. O seguro rural faz parte dessa convivência e é essencial para garantir a segurança alimentar.”
Encerrando o painel, Leonardo Botelho, responsável pelas relações com investidores do BNDES, apresentou dados que evidenciam o papel decisivo das cooperativas no crédito rural e na cobertura pós-desastres. Ele enfatizou que mais de 99% das 360 mil operações aprovadas pelo BNDES em 2024 foram destinadas a pequenos e médios produtores.
Na COP30, o banco firmou contratos que totalizam R$ 21 bilhões com organismos internacionais, recursos que serão repassados por meio de instituições financeiras e cooperativas para apoiar empresas e produtores na ponta. Para Botelho, esses números atestam o avanço da parceria. “As cooperativas estão presentes onde, de fato, a economia acontece. Elas alcançam territórios onde nenhuma instituição tradicional chega.”
Cooperativismo, Seguro e Desastres Climáticos: Uma Agenda da Resiliência
No segundo e último painel da tarde, moderado por Angélica Carlini, advogada, consultora e parecerista na área de Direito do Seguro, ampliou o foco para a gestão de desastres climáticos, prevenção e cultura de risco.
A mediadora enfatizou a afinidade histórica entre as duas estruturas: “cooperativismo e seguro nasceram juntos”, disse ao enfatizar que mutualismo e cooperação compartilham a mesma lógica de proteção solidária.
Vinicius Brandi, subsecretário de Reformas Microeconômicas e Regulação Financeira do Ministério da Fazenda, reforçou a centralidade do seguro na estratégia climática do Brasil. “Não existe planejamento de adaptação sem a participação do setor de seguros. Ele ainda destacou o papel da nova legislação, que facilita a aproximação entre cooperativismo e mercado segurador, ampliando o acesso e a inclusão.
Na sequência, Ivo Kanashiro, superintendente de Sustentabilidade da MAPFRE, foi enfático. “Sem seguro, não existe adaptação às mudanças climáticas.” Para ele, democratizar o acesso ao seguro e promover o intercâmbio de informações com cooperativas são passos essenciais para levar a gestão de riscos ao produtor de forma clara e prática.
Fechando o painel, Alexandre Barbosa, diretor-executivo de Estratégia, Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi, abordou a dimensão educacional do tema. “O seguro é um dos pilares da educação financeira. Ele oferece ao associado as ferramentas necessárias para planejar seu negócio de forma sustentável, tanto econômica quanto ambientalmente.”
Convergências para o Futuro Climático
O Fórum de Sustentabilidade em Cooperativismo e Seguros evidenciou que a união entre o cooperativismo e o setor de seguros representa um caminho promissor para ampliar a proteção, reduzir vulnerabilidades e enfrentar os efeitos, cada vez mais intensos, das mudanças climáticas.
A mensagem central do encontro — transformar incertezas em confiança — sintetizou não apenas o papel técnico do seguro, mas também sua importância estratégica para o desenvolvimento sustentável do país.


