O futuro do seguro com o Digital Twin

*Por Paulo Cesar Imelk

Esse mês estive em um evento em Miami, junto com CIOs de diversas seguradoras Americanas onde falamos muito sobre o futuro do seguro e o que está por vir por aí.

Olhando para o futuro do mercado e os avanços que precisaremos nos adaptar, o tema forte do evento foi Inteligência Artificial e Digital Twin.

Você sabe o que significa Digital Twin?

É um termo usado para descrever a réplica digital de um produto, processo ou sistema físico no mundo real. Em outras palavras, é uma representação virtual e em tempo real de um objeto físico ou sistema, que é criada a partir de dados e informações coletadas por sensores, IoT (Internet das Coisas) e outras fontes.

Essa tecnologia permite que as empresas e organizações simulem e analisem o desempenho e o comportamento de seus produtos e sistemas em ambientes controlados, identificando oportunidades de melhoria e otimização. Por exemplo, um fabricante de automóveis pode criar um gêmeo digital de um carro, para avaliar o desempenho, prever falhas e otimizar o projeto, antes mesmo de construir um protótipo físico. O que a Tesla faz por exemplo.

Os gêmeos digitais são usados em vários setores, como manufatura, saúde, construção, aviação e energia, e têm o potencial de melhorar a eficiência, a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços.

O uso de Digital Twin pode ter um impacto significativo na indústria de seguros, permitindo uma análise mais precisa e eficiente de riscos e sinistros. Por exemplo, uma seguradora de saúde pode usar gêmeos digitais para simular e avaliar o impacto de diferentes doenças e condições em pacientes virtuais, permitindo uma melhor compreensão dos riscos envolvidos e uma precificação mais precisa das apólices.

Da mesma forma, em seguros automotivos, o uso de gêmeos digitais pode permitir a avaliação de riscos de forma mais precisa, considerando não apenas as características do veículo, mas também o comportamento do motorista e as condições de tráfego em diferentes cenários. Isso pode levar a uma precificação mais justa e personalizada das apólices, além de permitir uma melhor previsão e prevenção de sinistros.

Outra aplicação possível é no seguro de propriedades, onde gêmeos digitais podem ser usados para simular diferentes condições climáticas, desastres naturais e outros eventos que podem causar danos às propriedades seguradas. Isso pode ajudar as seguradoras a avaliar os riscos com mais precisão, permitindo uma precificação mais justa e personalizada das apólices.

Em resumo, o uso de gêmeos digitais pode ajudar as seguradoras a entender melhor os riscos envolvidos em diferentes tipos de apólices e a oferecer produtos mais personalizados e eficientes para seus clientes, o que pode resultar em um mercado de seguros mais competitivo e justo.

Bem, agora imagina o impacto no mercado segurador mundial. Dados apresentados no evento, informam que a combinação de IoT, Machine Learning e Digital Twin dominarão a indústria de seguros até 2035, onde teremos mais de 25% dos IoT existentes (atualmente temos mais de 13 bilhões de IoTs operando mundialmente) sendo monitorados pelas Seguradoras e toda análise de risco será feita em real time, com preço em real time, isso em diversos ramos, incluindo grandes riscos onde teremos equipamentos extremamente perigosos sendo operados de forma remota, com 100% de monitoramento e predição para falhas e manutenções, reduzindo consideravelmente seus down times e danos.

Digital Twin não é novo no mercado segurador, mas com as tecnologias de IoT, velocidade de internet, Machine Learning, Capacidade de processamento, Analytics, dentre outras combinadas, torna esse conceito muito mais acessível ao mercado e aos clientes, trazendo grande vantagem competitiva e benefício para a população mundial.

Diante desse cenário de evolução e mudança, vejo alguns desafios para o mercado de seguros:

  1. Como os atuais Produtos se adaptarão a esse novo mercado?
  2. Que novos Produtos poderão ser criados nesse ambiente?
  3. Como treinam e evoluem suas equipes para trabalharem com esses novos métodos, dados (que muitas vezes não se tinham conhecimento) e informações para terem uma análise correta dos riscos, não somente no underwriting e preços, mas na parte operacional também?
  4. Como se adaptam e evoluem seus processos e sistemas para utilizar da melhor forma essa tecnologia e imenso volume de dados?
  5. Que novas habilidades as equipes e parceiros precisarão desenvolver para esse novo mundo?
  6. Teremos planejamento estratégico de longo prazo?

Como no filme que ganhou o Oscar esse ano de 2023 “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, esse será o futuro do mercado de seguros em breve, e já vejo algumas avançando nesse caminho.

Paulo Cesar Imelk é CEO & Founder da Insurtech On, consultoria de estratégia, especializada em inovação e transformação digital, com conexão e expertise tanto no setor de Seguros, Financeiro quanto no mundo da Inovação Digital.
Após mais de 20 anos de experiência em Tecnologia e Inovação, com mais de 15 deles em Seguradoras e ter passado uma temporada no Vale do Silício, iniciou sua jornada empreendedora nos Estados Unidos com o objetivo de apoiar o ecossistema de Seguros e Finanças a ter sinergia entre soluções e evoluções tecnológicas entre os 2 países, incluindo a América Latina. Sempre focado em como pode ajudar da melhor forma as Cias a definir sua estratégia, evoluir seu produto e sua performance operacional, mantendo o foco nas pessoas.

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