Financiamento de insurtechs na América Latina se recupera e atinge US$ 121 milhões no primeiro semestre de 2025

  • O valor representa um aumento de 370% em relação aos seis primeiros meses de 2024 e já supera em 32% o total investido ao longo de todo o ano passado, confirmando o potencial da região e a força do ecossistema em se manter ativo e atrair novas rodadas de investimento.
  • O número de startups na região é de 507, refletindo um crescimento de 2% — ainda positivo, embora com sinais de desaceleração. A taxa de mortalidade foi de 9,4%, e o crescimento orgânico foi de 11%, o que equivale ao surgimento de 56 novas insurtechs nos últimos 12 meses.
  • O Brasil lidera em volume de investimento, concentrando 74% do total (US$ 89 milhões), embora o número de startups no país permaneça estável, com 203 empresas.
  • A taxa de internacionalização está acelerando e chegou a 18,3%. O apoio de associações regionais tem contribuído para a expansão das insurtechs latino-americanas em outros países da região.
  • Nos últimos quatro anos, o ecossistema evoluiu de um modelo centrado em distribuição — que representava 60% — para um equilíbrio com os enablers, que agora somam 50% e continuam crescendo.

O financiamento de insurtechs na América Latina atingiu US$ 121 milhões no primeiro semestre de 2025, um aumento de 370% em comparação com o mesmo período de 2024. Esse montante já supera o total de investimentos de todo o ano passado em 32%, reforçando o potencial da região e a força do ecossistema.

A maior parte dos aportes foi concentrada no Brasil, com US$ 89 milhões (74% do total no primeiro semestre). Em termos de linhas de negócio, os segmentos de vida & cuidado captaram 65% e mobilidade 33%, mostrando forte interesse em ambas as áreas.

O número total de insurtechs na região é de 507, um crescimento de 2%, embora em ritmo mais lento que em trimestres anteriores. Com uma taxa de mortalidade de 9,4%, o crescimento orgânico segue sólido, com alta de 11% nos últimos 12 meses — o que representa o surgimento de 56 novas empresas.

Esses são alguns dos principais insights do relatório “Latam Insurtech Journey”, desenvolvido pela Digital Insurance LATAM com patrocínio da MAPFRE. Esta é a 10ª edição do estudo que analisa o estado da indústria de insurtechs na América Latina.

Ecossistema continua forte em número de players
Entre os países com mais startups, o Brasil (203), o México (129) e a Argentina (95) lideram. O Chile apresentou o maior crescimento percentual (+29%) e se destaca como motor de crescimento regional, também impulsionado por uma baixa taxa de mortalidade.

No primeiro semestre de 2025, o índice de internacionalização cresceu 36%, alcançando 18,3%. Ou seja, o número de startups multilatinas — aquelas que atuam em mais de um país — está em expansão. Peru (58%), Chile (31%) e Colômbia (26%) são os principais vetores dessa expansão. No Brasil, 10% das insurtechs já atuam internacionalmente — um marco relevante, considerando o histórico doméstico do país.

Hugues Bertin, CEO e fundador da Digital Insurance Latam, afirma que a internacionalização é um “sinal de um ecossistema saudável, já que a probabilidade de uma insurtech desaparecer é três vezes maior quando ela atua em um único país.”

A taxa de atração de empresas estrangeiras é de 32%, oito pontos percentuais acima do primeiro semestre de 2024 (24%), o que significa que, em média, três em cada dez insurtechs em operação nos países da região são estrangeiras. Colômbia (66%), Peru (53%) e México (42%) são os mercados latino-americanos que mais atraem empresas de fora.

Taxa de mortalidade de startups recua na região
A taxa de mortalidade atual do ecossistema é de 9,4%, com os trimestres recentes apontando para uma estabilização em torno de 10% ao ano. Nos últimos 12 meses, Brasil e Chile melhoraram seus índices, com 9% e 3%, respectivamente. Já México (10%), Colômbia (10%) e Argentina (7%) tiveram alta, reflexo de um processo de depuração natural do mercado.

Equilíbrio entre enablers e distribuidoras
Hoje, 50% das insurtechs têm foco em distribuição, enquanto os outros 50% atuam como enablers. A maioria das distribuidoras opera com seguros de linhas pessoais (auto e residencial), por meio dos modelos de corretoras ou MGAs (Managing General Agents), que somam 41%.

Entre os enablers, duas novas categorias em rápido crescimento ganharam destaque: agentes de IA e soluções voltadas para fraude, dados, precificação, risco e subscrição. Mesmo assim, boa parte ainda atua na digitalização da intermediação tradicional (15%).

Ecossistemas de Mobilidade e Vida & Cuidado em ascensão
Com 200 insurtechs (39%), o ecossistema de mobilidade é o mais relevante. Dentro do segmento, a distribuição tem papel predominante (65%), enquanto os enablers representam 35%.

Em termos de investimento, mobilidade atraiu 35% do total nos últimos 10 anos e 44% dos aportes realizados em 2025 até agora — totalizando US$ 474 milhões.

O ecossistema de Vida & Cuidado é composto por 141 insurtechs (28% do total), com foco em vida, saúde, bem-estar e longevidade. A distribuição também lidera (60%), com os enablers representando 40%. Esse segmento concentrou 55% dos investimentos acumulados na última década, somando US$ 750 milhões.

Declarações
Hugues Bertin, CEO e fundador da Digital Insurance Latam, comenta:

“Em apenas cinco anos, o ecossistema de insurtechs na América Latina se tornou um motor de transformação para seguradoras e grandes corretoras. Em quase todos os países, os CEOs das seguradoras estão promovendo ativamente a colaboração com insurtechs cada vez mais robustas. A cocriação do futuro da proteção por meio da tecnologia deixou de ser uma responsabilidade exclusiva das insurtechs: todo o ecossistema — dos players tradicionais aos reguladores e associações — está trabalhando com um propósito comum: aumentar a penetração do seguro, entender e mitigar riscos e melhorar a eficiência operacional sem perder de vista a experiência do cliente.”

Carlos Cendra, líder de scouting e investimento em inovação corporativa na MAPFRE, acrescenta:

“Este ano trouxe resultados muito positivos para o ecossistema de insurtechs da América Latina. No geral, todos os países e regiões continuam crescendo ou se fortalecendo. Em termos de financiamento, o primeiro semestre já atingiu os níveis de investimento pré-pandemia e, se a tendência continuar, poderemos superar os US$ 221 milhões investidos em 2022. Isso é impulsionado por startups de alto valor como Blue Marble e Past-Post, entre muitas outras destacadas no relatório. A perspectiva para o restante do ano é positiva e, na MAPFRE, como sempre, seguiremos atentos aos movimentos do mercado.”

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