Seguradoras buscam ampliar número de clientes com contratos digitais baratos
Embora o número de segurados venha crescendo nos últimos anos no Brasil, executivos do setor são categóricos ao dizer que ainda há um enorme mercado potencial. Com a ajuda da tecnologia, novos negócios no setor já nascem 100% digitais — as chamadas insurtechs — e investem em produtos personalizáveis, que se adaptam facilmente ao gosto e ao bolso do freguês.
Segundo a Confederação Nacional de Seguros (CNSeg), a arrecadação dos seguros com prêmios mais baixos e coberturas customizadas cresceu 165% em cinco anos.
Na Ciclic, o produto mais barato é o Seguro Bolsa Protegida, contra furtos, a partir de R$ 2,49 por mês. O residencial, diz Felipe Sousa, líder da área de tecnologia da empresa, também pode ficar muito barato com ferramentas digitais que montam a cobertura a partir de escolhas do cliente:
— Entregamos produtos personalizados e oferecemos melhores condições entendendo comportamentos. Sem a tecnologia, seria inviável por conta dos custos operacionais.
Smartphone protegido
Um dos campeões de demanda é o seguro de celular. Com a chegada do iPhone 15 no Brasil (com preços entre R$ 6 mil e R$ 10 mil), a Ciclic aproveitou para lançar um produto contra furto simples e qualificado, roubo, danos por líquidos e quebra acidental, com cobertura até no exterior. A contratação pode ser feita pelo site ou aplicativo, informando marca e modelo do celular.
No caso de um iPhone 15 128GB, o seguro sai por 12 parcelas de R$ 116,43, uma quantia que pode valer a pena para a tranquilidade de quem investiu alto no smartphone. A Zurich também lançou este ano seu seguro para celulares com contratação 100% digital, para aparelhos com até 24 meses de uso, após identificar o aumento de furtos e roubos desse item nos centros urbanos.
Outros tipos de seguro podem ser contratados com um clique, como os de vida e acidentes pessoais. Na Prudential, esse produto também dá acesso a saúde particular, com assistências como telemedicina 24 horas. O vice-presidente de Operações da Prudential do Brasil, Felipe Votto, diz que a tecnologia ajuda a reduzir a burocracia em caso de sinistro, o que também atrai clientes:
— Indenizações são pagas em até 30 minutos em média, metade do tempo estipulado inicialmente, um grande diferencial no mercado.
Microsseguros se popularizam
Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), acredita que a inteligência artificial vai provocar uma revolução no setor com análises de riscos baseadas em dados e a criação de novos produtos, como as apólices personalizadas e os microsseguros, que têm custo baixo e podem ser contratados no celular.
O presidente da Associação Nacional das Microsseguradoras (ANM), Edson Calheiros, estima que até 11 milhões de brasileiros já tenham tido contato com esse tipo de contrato, que pode ter um papel decisivo principalmente para assalariados mais vulneráveis e autônomos:
— É uma alavanca social para diminuir a desigualdade.
Paulo Hussar, head de Transformação de Negócios e Processos na MetLife Brasil, nota um aumento na busca de seguros flexíveis por profissionais liberais e autônomos sem seguridade social. Esse tipo de seguro também é oferecido como benefício a empregados por pequenas empresas interessadas em reter talentos.
No ‘Vida Viva Bradesco’, disponível para pessoas de 18 a 80 anos, a proteção não é só para o segurado, estende-se à família e até aos pets. Oferece cesta natalidade para as primeiras necessidades de bebês e uma rede credenciada de emergência veterinária para cães e gatos. Há ainda a cobertura de perda de renda e desemprego involuntário, que mantém o rendimento da pessoa até seu reestabelecimento.
— Com a personalização do produto, queremos chegar não só no público que não está coberto ainda, mas também naquele cliente que já tem um produto e poderia contratar outro — diz José Loureiro, da Bradesco Seguros.