Por Fabio Sarrico, analista sênior de seguros da Celent
Em 9 de julho de 2025, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras — a mais elevada entre os países impactados por sua nova onda de medidas protecionistas. Embora a vigência comece em 1º de agosto, os efeitos já são tangíveis: setores como carne bovina, mel orgânico, rochas ornamentais, madeira, móveis e pescados enfrentam cancelamentos, paralisações e suspensão de embarques.
Mais do que uma medida comercial, trata-se de uma decisão com forte impacto geopolítico, capaz de gerar efeitos sistêmicos sobre mercados de crédito, cadeias de suprimentos, câmbio e o setor global de seguros.
Embora diversas justificativas tenham sido apresentadas — desde o apoio a Jair Bolsonaro até alegações de censura nas redes sociais —, a afirmação vaga de que a relação comercial seria “injusta” não se sustenta tecnicamente. A decisão carece de fundamentos econômicos sólidos. Segundo o ComexStat (MDIC), os EUA mantiveram, em 2024, um superávit comercial frente ao Brasil de aproximadamente US$ 1,68 bilhão. Nenhum dos argumentos utilizados por Trump encontra respaldo em modelos atuariais ou indicadores tradicionais de risco.
E se o risco não for mais um evento isolado, mas um fluxo constante e imprevisível? Segundo reportagem do G1, os seguintes impactos já foram observados desde o anúncio: