CEO da Pier: “Estamos mudando a relação das pessoas com os seguros, com preços mais baixos, pagamento rápido de sinistros e uso intensivo de IA”

Escrito por Hernán Fernández do 100% Seguro

No ITC Vegas 2025, a décima edição do evento de inovação em seguros mais importante do mundo, a 100% SEGURO entrevistou Igor Mascarenhas, cofundador e CEO da Pier, a primeira seguradora 100% digital do Brasil. Trata-se também da primeira operadora de seguros brasileira sem um grupo econômico de capital privado por trás, financiada inteiramente com capital de risco e com o apoio de importantes fundos de investimento, como a Corporação Financeira Internacional (IFC) do Banco Mundial.

Antes de fundar a Pier, Mascarenhas atuou como investidor em uma aceleradora de startups, onde descobriu o potencial de criar uma seguradora do zero “que respeitasse o consumidor, oferecesse preços acessíveis e transformasse um setor que sempre foi muito desafiador”. E sua experiência, sem dúvida, pode ser inspiradora para outras operadoras da região.

Do sandbox à liderança do mercado insurtech

A Pier foi pioneira no sandbox regulatório brasileiro, um ambiente experimental promovido pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) que permite testar novos modelos e produtos sob certas restrições. “Tínhamos muita vontade de mudar a relação das pessoas com os seguros. Essa é a nossa missão como empresa”, revelou Mascarenhas, explicando que “por isso oferecemos uma experiência muito superior e produtos acessíveis. E, sendo um mercado regulado, o regulador faz parte dessa equação”.

A Pier foi a primeira empresa a se apresentar ao regulador para impulsionar uma maior competitividade no segmento. “Fomos o primeiro MGA (Managing General Agent) do país e trabalhamos junto ao regulador para trazer boas práticas e experiências. Contribuímos para que o Brasil tivesse seu primeiro sandbox”, destacou.

O executivo afirmou que esse ambiente permitiu experimentar em um contexto de menor risco, com limites de cobertura e volume. “O sandbox é um ambiente onde as empresas podem testar produtos e demonstrar valor ao consumidor. As que conseguem fazer isso crescem e evoluem até obter uma licença definitiva”, explicou. De fato, a Pier foi a primeira empresa a romper os limites do sandbox e obter uma licença completa de seguradora (S3) no Brasil.

Acessibilidade e experiência: os pilares da Pier

Questionado sobre as diferenças entre a Pier e uma seguradora tradicional, Mascarenhas foi enfático: “O consumidor quer um produto acessível, que funcione bem, que não lhe dê dores de cabeça e que, quando tiver um sinistro, seja bem atendido. Usamos a tecnologia mais avançada, mas o que vende é oferecer preços justos e uma experiência superior”.

O modelo de negócios da Pier se baseia em uma arquitetura tecnológica própria que permite preços mais baixos e processos mais ágeis. “Nossos produtos são, em média, 15% mais baratos que o menor preço do mercado e oferecemos uma experiência muito superior”, garantiu.

Atualmente, a empresa oferece seguros para celulares e automóveis, com uso intensivo de inteligência artificial em todas as etapas do processo. “No seguro de celular, nosso agente de IA analisa 100% dos casos e paga automaticamente 30% dos sinistros em segundos”, afirmou o CEO. No segmento automotivo, a proposta segue a mesma lógica: “Conseguimos ser 15% mais baratos que a concorrência e também pagamos sinistros em menos de 24 horas. O cliente sente que é mágico. Isso gera satisfação e um crescimento orgânico baseado na recomendação.”

Por outro lado, Mascarenhas destacou que a satisfação do cliente é o motor do crescimento sustentável: “Hoje temos o melhor índice de reputação do mercado. Acreditamos que a satisfação é a base do crescimento a longo prazo.”

Uma seguradora impulsionada por agentes de IA

O fundador da Pier lembrou que o uso da IA faz parte do DNA da empresa desde o início: “Quando começamos em 2017, queríamos ser uma seguradora digital que oferecesse uma experiência muito superior. Em 2020, estabelecemos a infraestrutura de dados e lançamos nosso primeiro agente de inteligência artificial, o Pier Bot.”

Este assistente se tornou uma referência global ao regular 100% dos sinistros de celulares e pagar automaticamente 30% deles. “Hoje temos uma rede de vários agentes de IA em diferentes partes da jornada do cliente: desde a avaliação de risco até a prevenção de fraudes ou atendimento em tempo real”, disse Mascarenhas.

Entre eles se destaca o Pier Scan, que orienta o usuário na captura de fotos para a assinatura, e outros agentes que atendem o cliente ou monitoram a carteira em busca de anomalias. “Criamos um ecossistema de agentes que atuam em diferentes pontos da jornada do consumidor e também na eficiência interna da empresa”, acrescentou.

Omnicanalidade e expansão do modelo

A Pier combina distribuição digital direta com uma estratégia omnicanal que inclui corretores, parceiros corporativos e canais API. “Acreditamos que o produto deve ser vendido onde o cliente deseja comprar. Por isso, temos usuários que chegam por meio de corretores, parcerias com bancos ou fintechs, influenciadores digitais ou nosso próprio site”, afirmou o CEO.

A empresa também conta com um programa de indicações que incentiva o crescimento orgânico. “Recebemos de braços abertos os parceiros que desejam contribuir com o crescimento da Pier e oferecer produtos de qualidade aos seus clientes”, destacou Mascarenhas.

Do sonho local ao benchmark global

Pouco mais de sete anos após sua criação, a Pier se consolidou como uma das insurtechs mais influentes da América Latina, com a ambição de se tornar uma referência global. “Nosso grande objetivo é ser um benchmark mundial em seguros e acreditamos que, a partir do Brasil, é possível alcançá-lo”, confessou Mascarenhas.

Com um modelo baseado em tecnologia, acessibilidade e experiência do cliente, a Pier demonstra que a inovação latino-americana pode competir de igual para igual com os grandes players globais, combinando propósito, dados e inteligência artificial a serviço do consumidor.

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